quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Resgatando a Infância !

Neste universo versátil e moderno da tecnologia,que por sinal está cada vez mais avançada e acessível,a impressão é que não existe mais espaço para o passado simples e alegre das brincadeiras infantis,conjugar no passado nos remete a desapego,substituição,esquecimento! Quantas horas passávamos brincando de bola na rua,pique-pega,pique-esconde...bete !
 No meu tempo de criança mal podia esperar pelo sábado,sim..era sempre no sábado que tínhamos nosso futebol marcado,às 3 da tarde,logo depois de arrumar a cozinha do almoço,se não arrumasse, minha mãe não deixava sair.
 Era aquela alegria quando chegava todo mundo no campinho,feito por nós mesmos,tinha pouca grama e muita terra,nossa bola era novinha,dente-de-leite! Ali ficávamos até escurecer,e cada um corria quando ouvia os gritos das nossas mães,e íamos pra casa já pensando no jogo do próximo sábado. Hoje mal podemos sair à rua,sem que o medo tome conta de nós,mas isso não quer dizer que devamos esquecer do quanto fomos felizes em nossa infância,daquele cheiro de terra molhada quando chovia,do aroma gostoso do café torrado na casa da vizinha...quantas lembranças!
 Doces lembranças,e por falar em doce;que saudade daquela maria-mole tipo sorvete de casquinha,que tinha sempre um balão ou anel no topo,sempre que ia pra escola comprava uma no mercadinho do seu Agenor. Seu Agenor...hum,tinha uma carranca daquelas bem fechadas,mas sempre dava uma bala a mais pra gente.
 Domingo cedinho tinha catequese,eu gostava tanto da tia da catequese e das brincadeiras que ela fazia com a gente depois da aula,tinha gincana,corrida-do-saco,corrida do ovo na colher,acertar o rabo do burro,jogo de dama,teatro...minha hora preferida,sem contar o teatro de fantoches,foi ai que comecei a me apaixonar por fantoches...não mencionei,mas trabalho com educação infantil,e é fundamental que apresentemos aos nossos pequenos a ludicidade e a magia dos brinquedos.
 Nesse contexto entre real e imaginário vivíamos felizes e distantes dessa atual tecnologia alienadora e anti-social.
Tecnologia esta,que nos afasta da cultura antropológica,que fazia parte dos moldes familiares,em controvérsia,hoje é a tecnologia que facilita nossa vida,que sem ela muita coisa que realizamos seria impossível,a tecnologia necessária também para nossa sobrevivência,ou até mesmo existência.
 O que não devemos esquecer é que o uso das novas tecnologias,devem vir para somar e não extinguir antigos costumes,para as crianças e jovens desse mundo moderno,muito do que fazíamos sem o uso de tecnologias contemporâneas,não fazem parte das suas vidas e tampouco são conhecidos e reconhecidos por eles.
 A proposta é que nós,pais e educadores,possamos apresentar aos nossos filhos e alunos o mundo mágico que fez parte das nossas vidas e que nos tornou os adultos de hoje,apresentar-lhes as brincadeiras,jogos e diversões que tanto eram gratificantes para nós.
No início do texto,tentei descrever um pouco da minha infância,para que ao lerem também pudessem voltar no tempo,o tempo de criança,e resgatar os aromas,as cantigas e as histórias contadas por nossos pais e avós,os ralados no joelho ganhos na hora do pique-pega,da queda de bicicleta,até mesmo aquele chiclete que foi pregado no cabelo na hora da aula,o arroz-doce da merenda escolar,os uniformes branco e azul...bem,o meu era!
 Vamos! Tirem um tempinho do seu dia,final de semana,até mesmo nas férias,apresentem aos seus filhos ou alunos as gostosuras das brincadeiras infantis,sabe aquela caixinha cheia de maravilhas ai dentro de vocês,prontinha para ser aberta,resgatada e relembrada? Então,tenho certeza,que vai fazer muita gente feliz.
 Ai está,um pouquinho do meu lado criança,que faço questão de sempre lembrar e compartilhar com meus filhos e meus alunos,cada cicatriz é uma história a ser contada,cada lembrança da infância é um resgate de uma vida feliz,o que seria de nós se não existisse o que já existiu,ninguém é alguém sem uma história,nenhuma história é realidade se não houver alguém para contá-la.

 Até a próxima...

Estágio: da responsabilidade pedagógica à utilização como mão de obra barata

Esta postagem foi feita por Hugo Ottati,repassando à vocês leitores!








Os estagiários  formam um dos pilares de sustentação da Justiça no Brasil. Seja no Fórum, no Ministério Público, na Defensoria Pública ou até mesmo em escritórios de advocacia, são eles e elas que atendem parte considerável da demanda.
Visando regulamentar o exercício do estágio, editou-se a Lei 11788/08, que contém diversos dispositivos de proteção ao estagiário/à estagiária. Logo em seu primeiro artigo, a Lei conceitua o estágio como
''ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido em ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de ensino superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos.''
Trata-se, portanto, de mais uma fase pedagógica aos e às jovens, focada especificamente no desenvolvimento profissional de cada um/uma, necessária para um complemento à sua formação.
Contudo, poucos são os que têm conhecimento acerca dos direitos dos estagiários. São, propositadamente, não divulgados - ou pouco divulgados - por aqueles que utilizam esse tipo de mão de obra; aqueles que deveriam ter responsabilidade e comprometimento com o ensino e o projeto pedagógico do estágio.
Observa-se que, de um lado, existem aqueles interessados em aproveitar o baixo custo de estagiários e estagiárias, utilizando-os em substituição de técnicos e profissionais especializados, principalmente na área administrativa e de ''office boy''. Sob o pretexto do ''adquirir experiência'', os colocam para realizar tarefas, que, comumente, não mantêm qualquer vínculo com o curso e a prática profissional desejada pelo e pela estudante.
Um exemplo? Na época do meu estágio no NUDEM (Núcleo de Defesa dos Direitos da Mulher) da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, conheci a CRC (Central de Relacionamento com o Cidadão). A Central é composta majoritariamente por estagiários e estagiárias, que a cada segundo atendem telefonemas e marcam pessoas nos respectivos núcleos de primeiro atendimento ou especializados, conforme a história narrada na linha.
E interessa muito mais à Defensoria pagar R$620 (à época que estagiei) à um estagiário ou uma estagiária do que ter técnicos ou terceirizar o serviço (tendo em vista que os gastos seriam bem superiores). Enquanto isso, estudantes prestam-se à um serviço limitado, de pouco - ou nenhum - contato com o Direito (seja dogmático ou crítico).
Isso não acontece só na Defensoria, muito pelo contrário. O estágio lá continua sendo um dos mais recomendados. Não à toa. Agradeço muito às Defensoras e aos técnicos que me acompanharam.
Na verdade, o que não faltam são exemplos de violação aos direitos dos estagiários e das estagiárias. Comumente escritórios de advocacia são criticados pela exploração, determinando excedente de atividades e uma carga horária superior às 30 horas máximas estabelecidas pela Lei de Estágio.
Ocorre que a maior parte dos escritórios se sobressaem em relação aos estágios públicos pela alta quantia paga, bem como por uma série de ''gratificações''. Ávidos e ávidas por um crescimento prematuro, pelo sentimento de tornarem-se profissionais, trabalhadores/as, ou até mesmo por timidez, pressão local ou necessidade de ganhar dinheiro para ajudar na subsistência familiar, muitos e muitas não denunciam as práticas abusivas em seus respectivos ambientes de estágio.
E deve-se repetir incessantemente: ESTÁGIO. Não trabalho.
Não há vínculo empregatício e a cobrança deve ter limites!
Nesse sentido é que deveria haver mais atuação dos órgãos competentes, na fiscalização e, principalmente, no diálogo com o corpo estudantil das universidades e escolas, a fim de que os direitos sejam publicizados e as denúncias sejam feitas!
Os direitos dos estagiários precisam ser respeitados.